Por Angelica Sigarini
O
presente artigo tem como foco principal uma analise sobre a inserção das
Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) nas escolas. A autora destaca o
impacto que a industrialização causou na sociedade e principalmente em países
subdesenvolvidos como o Brasil, além de questionar o real papel das políticas
publicas para o processo de educação, relatando experiências de formação de
professores, e promessas sem realizações propostas.
A
autora apresenta no texto que os novos modelos de socialização influenciados
pela chamada realidade virtual refletem no processo de educação hoje, pois
preparam jovens para o “ser social”. Para Belloni, o processo de socialização
vai muito além das inovações tecnológicas, ele depende das instituições
envolvidas e como essas instituições oferecem seus recursos, no caso das
escolas públicas nem sempre é possível atender as demandas, por um lado o
despreparo do professor e por outro a falta de estrutura ao passo que na
contrapartida, as escolas particulares se preparam técnica e didaticamente,
aumentando dessa forma a divisão social das classes.
A
integração das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é outro aspecto
discutido no artigo. Nele a autora questiona o uso pedagógico das mídias, como
elaboração de matérias multimídia para serem utilizados na EAD. Ela acrescenta
que a inserção dessas tecnologias nos processos educacionais é importante por
ser amplo, além de levar facilidades e vantagens aos alunos, mas destaca que
ainda é um objeto de estudo complexo e multifacetado. Ela retoma que a EaD é
uma tendência do mercado do ensino privado, mas e o ensino público?
O
terceiro tópico de analise do artigo a autora apresenta um panorama histórico
da educação a distancia no Brasil. Maria Belloni cita experiências e qualifica
as políticas públicas no setor como ações tecnocráticas, autoritárias e
centralizadoras que necessariamente gerarão resultados medíocres. As propostas
consideram apenas a tecnologia e não as condições de implementação política,
deixando de lado qualquer sucesso de ação educacional.
A
autora apresenta programas de formação em EaD de capacitação de professores,
frisando a utilização da televisão como canal para compensar falta de recursos
financeiros de quem realmente necessita ser capacitado além de traçar um
panorama sobre o uso das TICs na educação.
Maria
Belloni conclui que a educação a distancia segue a mesma linha da educação
convencional, mas com característica de “serviço expresso”. Trás seus
benefícios como uma nova forma de comunicação “assíncrona”, mas que deve ser
repensada, pois ainda apresenta uma forma desigual de quem pode e quem não pode
adotar. Ela acrescenta um o auto-estudo como um dos problemas para o público
não qualificado e capacitado. A ausência do comprometimento do auto-empenho
pode influenciar diretamente na incapacidade de resultados. Para a autora não
basta oferecer recursos aos professores, é preciso dar condições para que
possam utilizar da forma correta, tornando esse professor capaz de ensinar e
colocar em prática aquilo que foi ensinado a ele.
Análise
Crítica
Sob
a ótica que tanto preocupa a autora, é importante destacar que é natural do ser
humano reagir às mudanças e os impactos tecnológicos modificou em diversos
aspectos o modo de ver da sociedade, tanto na comunicação, no relacionamento
com as pessoas, comportamento, e principalmente no processo educacional. A
internet é prova viva de que estamos mudando e vejo isso como algo positivo.
A
Educação a distância surge no momento em que as gerações estavam se construindo,
hoje em grande parte das escolas a inserção da tecnologia se faz presente com
redes Wi Fi dentro das salas de aulas, lousas digitais e a midiatização. É
certo dizer que ainda muitas escolas são carentes do que chamamos de realidade
virtual, e que muitas políticas públicas não contribuem com a qualificação do
profissional. Nesse ponto autora deixa claro que existe uma gritante diferença
entre as condições sociais das escolas públicas e privadas e que o fato da
falta de políticas públicas para as instituições é o que diferencia um ensino
do outro, mas essa máxima não faz com que quem realmente queira se capacitar
deixe de procurar qualificação e lutar por seus direitos.
Concordo
que temos que crescer mais na capacitação qualificada dos profissionais que são
formadores de senso crítico, pois as inovações tecnológicas não estão ai apenas
para uma breve passagem de leitura, por exemplo, no caso da internet, o famoso
ler e copiar, mas sim para ser um cenário de autoanálise de crítica e
compartilhamento de opiniões. Hoje existem grupos culturais de debates virtuais
que reúnem pessoas de várias regiões do país num mesmo momento e essa troca é
totalmente positiva demonstrando que a classe social não justifica a busca pela
informação e pela cultura.
Os autores
Leal e Santana (2010) defendem no artigo “Educação
a Distância no Brasil: Mudança Social e Tecnológica” que a educação a distância
possibilitou a redução da desigualdade social existente, pois oferece acesso à
educação às pessoas com menos condições financeiras.
Para eles as políticas públicas tem garantido aos cidadãos a
disseminação do ensino a distancia no Brasil, e tudo isso está sendo possível
por meio dos avanços tecnológicos, favorecendo a modalidade de ensino, que
segundo eles será o futuro da educação no país. Os autores vão além, e
acreditam que muito tem se investido em educação no Brasil, tanto que a
desigualdade tem sido reduzida, pois o Estado tem organizado programas sociais
que derrubaram as barreiras do “Ser Social”.
A afirmação
vem de encontro ao que destaca Belloni sobre o insucesso de algumas políticas
públicas em que considera com resultados medíocres. Ela enfatiza que a EaD é um
mercado rentável, mas apenas voltado ao ensino privado e que esse tipo de
modalidade pode nunca ser uma realidade do ensino público. Ao contrário dessa
afirmação é importante entender que as pessoas consideradas candidatas para o
modelo de ensino são exatamente aquelas que não têm condições financeiras e nem
tempo disponível para frequentar uma universidade, o mercado de trabalho está
cada vez mais exigente e isso tem levados as pessoas a buscarem uma
qualificação e cada vez mais se atualizarem, tomando como necessária uma
aprendizagem contínua, ou seja, cada vez mais a sociedade, sem distinções de
classes e posses, vai buscar a educação ao longo da vida.
Um exemplo
clássico de políticas públicas é o projeto da Universidade Aberta (UAB) que
segundo Souza e Freitas (2010) no artigo “A política de educação à distância no
Brasil”, apresenta como as principais ações estatais para a educação,
estabelecer formação de professores para a educação básica, aqueles
considerados leigos as tecnologias, aumentando a oferta qualificada do ensino
básico.
Ao analisar
o artigo de Belloni foi possível perceber que muita coisa mudou de 2002 pra cá,
tanto nas metodologias da EaD, aceitação da Sociedade ao novo modelo de ensino
e nas ações do Estado para a educação hoje.
Uma
experiência que para mim tem sido muito positiva. Acredito sim que é no uso das tecnologias educativas que
somos capazes de relacionar e contextualizar experiencias podendo de certa
forma desenvolver processos significativos de aprendizagem.
Por isso não resta dúvidas de que esse modelo de ensino
tem conquistado seu espaço na educação e é por isso que muitas instituições
estão se voltando para a EaD, apesar de não ter avaliações totalmente on-line
sem precisar da presença física do aluno, é um modelo que está em crescimento
pelo país. Pudemos ver um número
importante de instituições que desenvolvem trabalhos pertinentes e de grande
valor para a sociedade. A experiência até o momento tem sido muito importante e
está encurtando as distâncias entre universidade e o ensino. Inúmeras
experiências com ensino a distância estão em andamento no Brasil e isso é
apenas o começo.
Angélica
Queiroz Sigarini Magalhães é pós-graduanda do Curso de Metodologia e Gestão em
EaD pela Anhanguera Educacional.
Referências
Bibliográficas
BELLONI, Maria Luiza. Ensaio sobre a Educação a
Distância no Brasil. Educação e Sociedade. v.23 n.78 SeiElo Brasil. Campinas
abr. 2002. Artigo em formato PDF. doi: 10.1590/S0101-73302002000200008. p.
117-139
FREITAS, Kátia Siqueira; SOUZA, Valdinei Costa
Souza. A política de educação à distância no Brasil: uma análise sob a
perspectiva da teoria de estado. III Seminario de Politicas Sociais e
Cidadania. Salvador, BA. 2010. Disponivel em < http://www.interativadesignba.com.br/III_SPSC/arquivos/sessao7/161.pdf>
Acessado em 05 de Maio de 2012.